O que acontece quando misturamos o dinheiro da oficina mecânica
com o dinheiro pessoal?
Com a chegada da pandemia, muitos negócios
sofreram pela falta de organização. Desde que a pandemia do novo coronavírus
chegou ao Brasil, 716.000 empresas fecharam as portas, de acordo com a Pesquisa
Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, realizada pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Muitas dessas empresas não tinham caixa para os
próximos 30 dias! Isso pode acontecer por conta de um mau gerenciamento e
organização e, pelo que vejo na minha experiência, a maior dificuldade das
pessoas é separar o profissional do pessoal. Mas, afinal, o que acontece quando
eu misturo as contas da empresa com a minha conta pessoal?
Quando você mistura as contas, fica difícil
entender como está a saúde do seu negócio e aí vem aquela dúvida: será que ele
é lucrativo? Você só tem como saber isso se você faz o controle corretamente.
Não basta somente vender, você precisa entender como estão suas receitas, despesas,
e o quanto você tira para uso pessoal.
Muitas vezes o caixa fica comprometido, pois,
toda vez que entra dinheiro, você usa para pagar uma conta pessoal. Dessa
forma, você precisa ficar antecipando o cartão ou atrasando as contas, porque o
caixa da empresa acaba virando um caixa eletrônico e, no final das contas, você
só trabalha e não consegue realizar seus objetivos – nem os seus e nem os do
seu negócio.
Eu preciso ser sincera: fazer controle das
finanças dos nossos negócios não é algo prazeroso, mas é necessário. Caso contrário,
a sua empresa corre o risco de entrar na estatística das empresas que fecharam
as portas.
Você deve estar pensando “Amanda, como eu vou
separar as finanças pessoais das finanças do meu negócio?”. Eu vou te dar
algumas dicas que, após a leitura, você já vai conseguir implementar. Agora
preciso que você pegue papel e caneta!
1 - Abra duas contas
Você vai precisar abrir uma conta pessoa
jurídica e outra pessoa física, pois, dessa forma, você vai parar de usar o
cartão da sua empresa para pagar suas contas pessoais. Hoje existem muitas
contas digitais e, com essas, você não paga tarifa. Isso é bom, pois assim você
não terá gasto todos os meses.
Mas, caso você tenha uma conta pessoa física em
um banco físico e já está pagando tarifa todos os meses, está na hora de rever
isso. Existe uma resolução do Banco Central, a nº 3.919/2010, que diz que todos
os bancos nacionais são obrigados a disponibilizar gratuitamente uma conta
corrente para pessoas físicas. Este tipo de conta corrente disponibiliza os
seguintes serviços:
Quatro saques mensais;
Duas transferências entre contas do mesmo banco;
Dois extratos referentes ao mês anterior;
Um extrato anual;
Dez folhas de cheques;
Acesso ao Internet Banking.
Cartão de débito e de crédito (o correntista
deve preencher os pré-requisitos exigidos pelo banco).
A conta corrente gratuita é uma boa opção para
quem não deseja pagar pelas taxas que são cobradas pelo banco, mas, caso o
perfil do correntista seja mais dinâmico, ou seja, faz vários tipos de
movimentações no mês, o mais indicado é ter uma conta corrente tradicional. Então,
se você não quer mudar de conta pessoa física, você pode rever essas tarifas.
2 - Faça uma retirada de salário
Não vai adiantar você separar as contas e
continuar fazendo retiradas a hora que quiser. Você precisa fazer uma retirada
de salário. O ideal é não fazer essa retirada por semana, pois quando você faz
dessa forma, o seu negócio fica com os dias muito apertados para fazer giro no
caixa.
Então, faça uma retirada mensal ou a cada 15
dias. Talvez você esteja na dúvida sobre o valor do seu salário, então veja no
mercado quanto estão pagando para a sua função. Por exemplo, se você fica
somente na parte administrativa, quanto você receberia se estivesse trabalhando
como CLT? Tire uma base para você ter noção, mas também reveja suas contas
pessoais.
Já atendi clientes que diziam que faziam
retirada de x valor quando na verdade retiravam xxx, e a empresa não tinha
capacidade de pagar esse salário. Por isso, faça um controle dos seus gastos
pessoais e, se possível, faça um ajuste para que você não comprometa o seu negócio
com um salário muito alto.
Nas minhas consultorias, eu utilizo o ponto de
equilíbrio que é um indicador do mínimo que a sua empresa precisa faturar para
ficar no zero a zero, e quanto você teria que ter de faturamento para pagar
esse salário.
3 - Faça distribuição de lucros
Você pode pensar assim “Amanda, se for para ter
um salário é melhor eu trabalhar como CLT e não ser empreendedor”, mas você
pode também distribuir lucros no final do ano caso o seu negócio tenha caixa além
do salário. Você só precisa ficar atento a como está o seu contrato social,
pois alguns contratos têm cláusulas mais específicas sobre distribuição de
lucros.
4 - Fique atento com o seu caixa
Depois que você anotou as dicas anteriores você
precisa também controlar o seu caixa. Quando você tem uma estrutura correta do
seu fluxo de caixa fica muito mais fácil tomar decisões.
Todos nós aprendemos que devemos ter no caixa
as receitas menos as despesas, mas essa não é a forma mais correta. Uma boa
estrutura de caixa precisa dessas informações abaixo e de um plano de contas
com as categorias para cada receita e despesa.
Receita
(-) Custo variáveis
= margem de contribuição
(-) Despesas fixas
= Igual ao lucro operacional antes dos investimentos
(-) Investimentos
= Lucro operacional
+ Entrada não operacional
- Saída não operacional
= Resultado Líquido
Tudo
isso pode parecer muito difícil, né? Mas, se você quer ter lucros e mais tempo
para a sua família, você vai precisar se dedicar a entender como estão as
finanças do seu negócio. Muitos empreendedores me procuram para fazer consultoria,
pois eles falam que não gostam dessa parte, então você também pode terceirizar esse
trabalho, caso também não goste. Comece hoje, pois agora você já sabe o que
acontece quando você mistura o dinheiro da empresa com as finanças pessoais.
Te
espero no próximo artigo!
Imagem: freepik
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